O que é transformação elicitiva de conflitos e porque usamos essa abordagem?
O termo "elicitivo" deriva do verbo "elicitar", que significa "produzir ou provocar", e foi cunhado por John Paul Lederach para refletir uma abordagem expandida de envolvimento com o trabalho de paz que, em um cenário de conflito, valoriza as pessoas como um recurso-chave, em vez de receptores passivos de conhecimento e assistência. Uma abordagem elicitiva considera o conhecimento local como essencial para compreender e agir em uma situação de conflito, assim incentiva o uso de recursos locais e de métodos de intervenção que promovam o empoderamento e a participação das comunidades locais para trabalhar em seus conflitos.
Usamos essa abordagem em nossos programas porque ela trabalha diretamente as relações como foco. É uma maneira de ver, pensar e se relacionar com o mundo. Nessa abordagem o conflito é entendido como uma parte natural e vital das relações humanas e é um motor de mudança, essencial para a vida. Trabalhar com conflitos como um direcionador da mudança requer uma perspectiva sistêmica, que olhe para as relações envolvidas no sistema conflituoso. Para isso, diversas ferramentas, técnicas e qualidades são requeridas daquele que visa mediar conflitos dentro dessa abordagem.
O mediador nessa abordagem é convidado a despir-se do que é seu e não chegar como “sabedor” mas sim como aquele que vai acompanhar as partes a elas mesmas encontrarem e reestabelecerem o equilíbrio dinâmico de sua relação conflituosa. Trabalha para ajudar os grupos a entenderem e comunicarem melhor suas necessidades, para que todas as partes envolvidas possam encontrar um espaço comum de compreensão e desenvolver métodos que satisfaçam todas as necessidades do sistema. Para abordar o conflito de forma elicitiva, essa percepção é essencial.
A matéria prima do mediador elicitivo são os próprios processos que estão presentes no sistema conflituoso. O mediador apoia as partes a enxergarem de uma forma holística e irem além dos seus interesses declarados e a articularem suas necessidades subjacentes com mais clareza. Por meio de um processo orientado de ressignificação, as partes conflitantes podem chegar a transformações mais palpáveis que atendam às necessidades das partes e não apenas a seus interesses. Então, o mediador elicitivo apoia as partes a ressignificarem a experiência que estão vivendo.
Como escreveu John Paul Lederach:
“A transformação de conflitos não trata apenas de como terminar algo que não desejamos, mas também de como terminar algo destrutivo e construir algo desejado."
Se você achou essa abordagem interessante, convidamos você a conhecer nosso programa de pós-graduação em Transformação de Conflitos e Estudos de Paz com ênfase no Equilíbrio Emocional. Nosso blog também irá trazer mais informações sobre essa e outras técnicas e ferramentas úteis para lidar com conflitos.