Como ser um Bodhisattva (parte 3): você também merece compaixão

No budismo tibetano, o bodisatva (ou Boddhisatva) é simbolizado pelo pavão. Diz-se que este pássaro se alimenta de plantas venenosas e transforma as toxinas nas cores radiantes de suas penas, sem se envenenar. Da mesma forma, nós, agentes de paz, somos convidados a exercitarmos essa atitude para que nossos potenciais construtivos floresçam, como as cores na cauda de um pavão.

Segundo Chagdud Tulku Rinpoche, “se durante esse processo começarmos a sentir raiva, precisamos retroceder e recuperar a perspectiva compassiva. Sem raiva, talvez possamos transpor a terrível ilusão que faz brotar a violência e o sofrimento infernal”. E como podemos fazer isso?

Pode parecer um ideal inalcançável, mas você pode começar agora como um bodisatva em treinamento. Tudo o que você precisa é a aspiração de colocar os outros em primeiro lugar e alguma inspiração de guias úteis como os professores budistas encontrados aqui. “Como ser um bodisatva” foi também o tema da capa da edição de 2016 do “Buddhadharma: The Practitioner’s Quarterly”.

Convidamos você a acompanhar essa série de posts aqui no blog da Paz & Mente. O mundo precisa de mais bodisatva!

Por Thich Nhat Hahn, Chögyam Trungpa Rinpoche, Judy Life, Bell Hooks, Christina Feldman e The Karmapa, com trechos retirado do site Buda Virtual e publicado originalmente em Lion’s Roar

A compaixão não faz distinção entre o eu e o outro, diz Christina Feldman. Cuide do seu próprio sofrimento da mesma forma que cuida dos outros.

christina-feldman.jpg

Algumas pessoas, carregam longas histórias de falta de autoestima ou de negação, têm dificuldade em estender a compaixão para com elas mesmas. Conscientes do grande sofrimento do mundo, eles podem sentir que é autoindulgente cuidar de seu próprio corpo dolorido, coração partido ou mente confusa. Mas isso também é sofrimento, e a verdadeira compaixão não faz distinção entre o eu e o outro.

O caminho da compaixão é cultivado por um passo e um momento de cada vez.

O Buda disse que você poderia procurar no mundo inteiro e não encontrar qualquer um mais merecedor de seu amor e compaixão do que você mesmo. No entanto, muitas pessoas se veem agindo com níveis de dureza, exigência e julgamento para si próprios, nunca sonhariam em dirigir-se dessa forma a outra pessoa, sabendo o dano que seria causado. Estão dispostos a fazer a si mesmos o que não fariam aos outros.

O caminho da compaixão é altruísta, mas não idealista. Ao percorrer este caminho, não somos convidados a dar a nossa vida, a encontrar uma solução para todas as lutas neste mundo, ou imediatamente resgatar todos os seres. O caminho da compaixão é cultivado por um passo e um momento de cada vez. Cada uma dessas etapas diminui montanhas de tristeza no mundo.