Como ser um Bodhisattva (parte 2): 6 pequenos passos para a bondade

No budismo tibetano, o bodisatva (ou Boddhisatva) é simbolizado pelo pavão. Diz-se que este pássaro se alimenta de plantas venenosas e transforma as toxinas nas cores radiantes de suas penas, sem se envenenar. Da mesma forma, nós, agentes de paz, somos convidados a exercitarmos essa atitude para que nossos potenciais construtivos floresçam, como as cores na cauda de um pavão.

Segundo Chagdud Tulku Rinpoche, “se durante esse processo começarmos a sentir raiva, precisamos retroceder e recuperar a perspectiva compassiva. Sem raiva, talvez possamos transpor a terrível ilusão que faz brotar a violência e o sofrimento infernal”. E como podemos fazer isso?

Pode parecer um ideal inalcançável, mas você pode começar agora como um bodisatva em treinamento. Tudo o que você precisa é a aspiração de colocar os outros em primeiro lugar e alguma inspiração de guias úteis como os professores budistas encontrados aqui. “Como ser um bodisatva” foi também o tema da capa da edição de 2016 do “Buddhadharma: The Practitioner’s Quarterly”.

Convidamos você a acompanhar essa série de posts aqui no blog da Paz & Mente. O mundo precisa de mais bodisatva!

Por Thich Nhat Hahn, Chögyam Trungpa Rinpoche, Judy Life, Bell Hooks, Christina Feldman e The Karmapa, com trechos retirado do site Buda Virtual e publicado originalmente em Lion’s Roar

O caminho da compaixão, diz Judy Lief, começa ao sair de sua história habitual. Aqui estão seis maneiras de fazê-lo:

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É incrível como muitas vezes pensamos que estamos no mundo interagindo e ajudando os outros, quando na verdade estamos simplesmente agindo de acordo com nosso enredo interno preconcebido. Nossa visão está nublada e só podemos absorver o que encaixa na nossa linha de enredo.

Uma maneira de suavizar esse padrão é explorando alguns passos básicos que podem nos levar na direção da bondade. Em vez de tentar querer que sejamos gentis – podemos criar uma atmosfera agradável ao desenvolvimento da bondade amorosa.

Aqui estão seis pequenos passos para a bondade que você pode praticar. Você pode explorar esses passos singularmente ou em combinação. A ideia é que se você criar a atmosfera certa, a compaixão surge naturalmente. Ela já está presente, apenas esperando seu convite.

1. Sossegar

Tem que haver um aqui para ter um lá, e uma conexão entre os dois. Portanto, o primeiro passo é diminuir a velocidade e deixar que sua mente se estabilize o suficiente para que você seja capaz de voltar para o seu corpo, uma forma simples no espaço. Você pode realmente se sentir presente, em seu corpo como ele é, exatamente onde você está?

2. Esteja no Momento

Agora que você está mais solidamente em algum lugar, você pode deixar-se ser mais claramente. Quando seus pensamentos derivam do passado ou do futuro, de lembranças e remorsos para planos e sonhos, você pode gentilmente trazer sua mente de volta para o momento presente.

3. Solte as rotas de fuga 

Fique em um lugar e tempo específico, exatamente do jeito que é.

4. Preste atenção ao espaço

Observe a qualidade do espaço dentro de você e ao seu redor. Preste atenção aos limites de seu corpo físico e do espaço na frente, atrás e em cada lado de você. Preste também atenção ao espaço mental-emocional que acomoda as idas e vindas de sensações, pensamentos, humores e perturbações emocionais. O que quer que surja em um nível externo ou interno, observe o espaço em que você e sua percepção repousam.

5. Compartilhe o Espaço

Explore o que é compartilhar esse espaço com quem está lá com você. Observe o poder de acomodação, aceitação e não julgamento. Quando você sente o surgimento da territorialidade e do medo, acomode isso também em um maior espaço.

6. Alquimia

O que as pessoas comuns vêem como chumbo, os alquimistas percebem como ouro disfarçado. Como alquimistas, podemos aprender a descobrir o ouro escondido dentro da nossa condição humana – não importa o quão conflituosos e pouco promissores os seres humanos parecem ser. Nossos dramas e fascinações, nossas obsessões, nossos amores ganhos e perdidos podem nos cativar, mas eles são fundamentalmente efêmeros. No entanto, tudo o que desperta e toca o nosso coração, mesmo um pouco pode nos abrir para a possibilidade de algo mais. Dentro das paixões flutuantes do reino humano, podemos descobrir a força inabalável da compaixão desinteressada e bondade amorosa.