Conheça a Pedagogia Contemplativa: a base pedagógica da pós-graduação Paz & Mente

A pedagogia contemplativa é uma abordagem profunda e transformativa de educação que se concentra no cultivo de nossas qualidades construtivas e que honra as experiências vividas pelo/a agente de paz. Traz um olhar humanizado para os processos acadêmicos, levando em consideração nosso ser como um todo e não somente o intelecto, conforme as abordagens acadêmicas convencionais.

Embora “pedagogia contemplativa” seja uma terminologia relativamente nova, os processos de educação por meio da (ou para a) contemplação são antigos. A pedagogia contemplativa está enraizada em antigas tradições espirituais através do tempo e em inúmeras culturas diferentes. Ela traz fortemente o equilíbrio entre os componentes intelectuais com outros recursos por meio da prática e experiência.

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Como abordagem pedagógica distinta, a Pedagogia Contemplativa encontra-se na interseção entre tradições contemplativas, ciência moderna e teorias educacionais. Richard C. Brown, professor de Educação Contemplativa na Naropa University, localizada em Boulder, Colorado, descreve essa abordagem da pedagogia como uma “síntese da presença consciente e métodos instrucionais eficazes que cultivam profundidade na aprendizagem” (Brown, 2011).

Para Louis Komjathy, professor associado de Religiões Chinesas e Estudos Comparativos Religiosos da Universidade de San Diego, Califórnia, a pedagogia contemplativa é uma abordagem ao ensino que é informada e expressa por meio de diversas formas de práticas contemplativas. Essa abordagem explora a prática contemplativa, as experiências geradas a partir dela e sua aplicação à educação (Komjathy, 2016).

O movimento em direção à pedagogia contemplativa é um discurso de mudança de paradigma que fornece um novo modelo para o ensino e a aprendizagem. Este movimento é caracterizado pelo compromisso com a prática e ênfase no discurso crítico e embasado, em primeira pessoa (Komjathy, 2018). Harold D. Roth, professor de estudos religiosos e diretor da Iniciativa de Estudos Contemplativos da Brown University, em Providence, Rhode Island, defende que uma “abordagem crítica em primeira pessoa” refere-se a “participantes empenhados em observação empírica de suas próprias consciências” (Roth, 2014,).

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Esta abordagem oferece a oportunidade para os/as agentes de paz observarem e investigarem suas mentes, seus estados emocionais, seu corpo, e como se relacionam consigo e com o mundo a partir de um espaço seguro de abertura e criatividade. A pedagogia contemplativa nos convida a trazer o foco interno introspectivo como a base para o desenvolvimento da conexão e insight (Barbezat & Bush, 2014).

O objetivo geral desses métodos é o cultivo de formas de consciência e qualidades construtivas de ser e de se relacionar no mundo e fornecer espaço e as ferramentas para a transformação individual. Trata-se de um desvio das abordagens educacionais convencionais encontradas no ensino superior, que enfatiza meramente a perspectiva de pesquisa em “terceira pessoa”, com foco na aquisição de novas informações “dadas” aos alunos por professores especialistas. 

Essa abordagem meramente em terceira pessoa é como a maioria de nós foi educada academicamente. A pedagogia contemplativa inverte essa lógica e traz um novo olhar aos processos acadêmicos, em que eu como ser no mundo me implico em todos os processos os quais estou experienciando. O ponto de partida para a Pedagogia Contemplativa é uma abordagem em “primeira pessoa” para a transformação profunda de cada indivíduo que é, por si, agente de transformação. Esse tipo de abordagem investiga a percepção das experiências subjetivas do indivíduo e como essa percepção pode ser transformada. A pedagogia contemplativa se concentra na investigação de todos os fenômenos, da investigação da mente e da consciência. A pedagogia contemplativa está presente em toda nossa jornada do nosso programa de pós-graduação.

Essa abordagem pedagógica leva os/as participantes do programa a serem chamados/as de “agentes de paz” e não de “estudantes”. Cada um traz consigo suas biografias, identidades, experiências, emoções, sentimentos, relações e entendimentos de si mesmos e de como se relacionam com o mundo. É com esse engajamento com a totalidade do ser, por meio de um processo de práticas intra e interpessoais, que o programa procura acompanhar os participantes enquanto estes investigam de forma profunda, autêntica e corajosa seu envolvimento com os conflitos e trabalhar juntos a construção de uma cultura de paz, começando com cada um. 

Aqui não há professores/as. Somos facilitadores/as de processos nos quais todos, agentes e facilitadores/as, são co-responsáveis pelos processos, e vamos investigar juntos, de forma aberta, diversos processos. Nesta abordagem horizontal, os/as facilitadores/as do programa não são vistos/as como “especialistas” ou mesmo “professores”, mas como “facilitadores/as de processos”. É neste acompanhamento horizontal que os/as facilitadores/as – eles/as próprios/as praticantes experientes da ciência contemplativa – se concentram em sustentar o espaço e orientar os processos de investigação e transformação de uma maneira que esteja em profunda ressonância com as necessidades dos/as participantes. Teorias e práticas juntas apoiam a jornada transformativa do/a agente de paz, que faz suas transformações no seu tempo e na medida em que puder ou quiser. Procuramos respeitar o movimento e as necessidades de cada um.

Práticas contemplativas são encontradas nas tradições de sabedoria ao longo do tempo e em diversas culturas. A extensão das práticas contemplativas inclui formas de meditação que cultivam a quietude profunda, visando centrar e acalmar a mente. As práticas contemplativas também podem se concentrar na geração de qualidades específicas da mente, como bondade amorosa e compaixão.

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Técnicas como mindfulness do corpo, sentimentos, mente e fenômenos podem ser utilizadas. Abordagens orientadas ao movimento, como meditação em movimento, dança, yoga, pintura, Aikido, Tai Chi Chuan e Qigong, também são métodos de florescimento das habilidades contemplativas. As práticas contemplativas podem despertar a capacidade criativa do indivíduo por meio da música, do canto e da escrita, bem como as habilidades relacionadas ao indivíduo por meio de escuta profunda, de diálogo, de comunicação autêntica e de narração de histórias (The Center for Contemplative Mind in Society, 2000).

Para conhecer como aplicamos a pedagogia contemplativa em nosso programa de pós-graduação e para participar, acesse. Estamos com processo seletivo aberto para início em junho de 2020. 

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